Encontrámos três espaços amplos com pé-direito generoso, vãos envidraçados de grandes dimensões e cada um com instalações sanitárias próprias. O uso que lhes estava destinado era o comercial.
O objectivo principal do projecto focou-se na reconversão destes espaços comerciais em espaços habitacionais. Rapidamente tomámos consciência que, devido à natureza da pré-existência, os núcleos habitacionais a gerar não poderiam nem deveriam seguir os moldes convencionais.
A ideia consiste em resolver a problemática do habitar com a criação de estruturas independentes em madeira que simultaneamente resolvem a organização espacial e albergam todos os conteúdos funcionais necessários à casa.
As paredes do espaço pré-existente são forradas com armários tornando-se os limites físicos da casa, com a função adicional de proporcionar arrumação e garantir conforto acústico e térmico. Depois há um aproveitamento e reformulação da instalação sanitária existente, tornando possível a sua apropriação tanto no nível inferior como superior. Por fim, posicionam-se dois módulos coloridos no seu interior. Um amarelo, contentor de infra-estruturas do acto de cozinhar, e um azul, mais relacionado com o acto de descansar. São essencialmente estes contentores que organizam as funções e definem o espaço da casa. Pode-se dizer que num sólido oco, incipiente, cria-se um cenário através da introdução de módulos que fazem a sobreposição e o entrelaçamento das funções espaciais.
É com estes módulos que o habitante irá interagir e experimentar o seu espaço existencial de refúgio. Irá abrir e fechar, subir e descer, transformar a sua vivência diária.
Publicações
van Uffelen, Chris (2018) “When a Factory Becomes a Home”, Salenstein: Braun Publishing AG, 228-231.
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